Para os curadores, a arte digital está sim integrada ao panorama contemporâneo. É o que pensa, por exemplo, a curadora da 27ª Bienal de São Paulo Lisette Lagnado, para quem as novas mídias são "uma pesquisa que vai e deve se desenvolver". "É preciso encontrar uma poética que vá além do deslumbre pelos efeitos dos programas", aponta Lagnado."Acho que é igual a qualquer nova experiência artística", defende o crítico e curador Paulo Sergio Duarte. "O importante sempre é ter exigência poética. Seja no teatro grego, numa pintura Renascentista ou num projeto digital.
Queremos é que haja força poética."Quanto à afirmação de que o digital amplia a interatividade entre o público e a obra, há controvérsias. Lagnado afirma que "a "chamada" interatividade, que seria a mobilização e participação do espectador, funcionava a todo vapor quando [o artista] Matta-Clark abriu o restaurante "Food" (1971-72)". "Há mais de 35 anos, [o intelectual] Hans Magnus Enzensberger escreveu que "com um simples acionar de botão, qualquer pessoa pode participar". Isso é "participar'?", questiona.Para ela, o poder está nas comunidades virtuais, "que poderiam ter uma potência transformadora quando saem do virtual para o real".Para o curador e diretor do MAM-SP Tadeu Chiarelli, dizer isso é não levar em conta que também há interação com uma pintura.
Ele afirma que o fato de manipular uma "traquitana não garante a participação". "É uma visão equivocada. Hélio Oiticica e Lygia Clark faziam trabalhos interativos e não utilizavam tecnologia."Já Duarte acredita que a arte digital intensifica essa relação. "O sujeito tem experiências estéticas que os meios anteriores não possibilitariam", fala ele.Chiarelli sustenta ainda a necessidade de ser mais "crítico". "É preciso tentar entender em que medida ela é transformadora ou apenas cria uma ilusão de interatividade."
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