terça-feira, 27 de maio de 2008

Íntegra do bate-papo com Marciel Consani


Internet Livre diz:
marciel?
Marciel diz:
olá, liguei a cam, está vendo?
Internet Livre diz:
estou te vendo
Marciel diz:
Espero que não acabe a força…
Internet Livre diz:
marciel, conte um pouco sobre a sua trajetória no rádio
Marciel diz:
Minha experiência é especificamente com projetos de radioescola. Minha formação original é na música. Estudei música clássica. Abri uma produtora de bandas, depois da faculdade. Produzi shows e discos, trabalhos independentes, até 1994. Então, me estabeleci em oficinas e projetos educativos ligados `ONGs e fundações. Ainda estava meio preso à música e à produção em estúdios de áudio. Então, fui convidado para lecionar numa faculdade, em que me encontro até hoje.
Pouco depois, a prefeitura de S. Paulo me convidou para um projeto, ligado à USP, com o objetivo de instalar rádios limitadas em 450 escolas paulistanas. Este foi o famoso "Educom.Rádio". Trabalhei um bom tempo com o Educom, ao final do governo Marta Suplicy eu me exonerei e fui me inscrever na USP para o doutorado, na área de Educomunicação
Internet Livre diz:
conte um pouco sobre o educom. Ele acabou?
Marciel diz:
Bem, não oficialmente. O governo que sucedeu a Marta, suspendeu temporariamente o programa e vem retomando as atividades, lentamente Mudaram o nome, para "Nas Ondas do Rádio". A semente ficou: tenho contato com alunos e professores do município, que ainda produzem rádio nas escolas. Mais importante, depois do Educom. Rádio em Sampa a USP realizou projetos similares no Centro-Oeste e em alguns projetos menores são propostas menos ambiciosas, mas persistiram até hoje.
Internet Livre diz:
Como está o processo de digitalização da rádio? Pouco se fala no assunto... sabemos mais sobre a TV
Marciel diz:
Já existem rádios 100% digitais, mas há um impasse. Se a produção é 100% digital, faz mais sentido que ela se direcione para a web na forma de podcast e webrádio. Na Tv digital, o mote é oferecer novos features. Isto perde um pouco de sentido enquanto vantagem no rádio: não se pode transmitir várias línguas simultâneas no mesmo áudio… A interatividade radiofôncia também é diferent da televisiva
Internet Livre diz:
acha que a webrádio é o youtube da rádio?
Marciel diz:
Não as webradios, que são extensões das rádios "concretas". Mas os podcasts, são efetivamente, youtubes com predicados
Internet Livre diz:
o William Borba de Carvalho, de 13 anos pergunta: é bom ouvir mais de uma rádio?
Marciel diz:É bom ouvir tudo. Várias rádios, vários estilos, várias opiniões. E melhor: é bom criar seus próprios programas, gravar no computador e pendurar num podcast, que é um "blog" de sons.
Internet Livre diz:
Como estudioso do rádio, gostaria que falasse sobre a Cultura FM.
Marciel diz:
Fundação Pe. Anchieta passou de um modelo estatal para administração mista, seguindo orientações que a aproximaram do mercado. Até o momento, assim como a TV Cultura. A Rádio Cultura, parece preservar o essencial, sua "personalidade". São poucas as rádios emque se pode ouvir programas de MPB. Música Clássica e documentários bem produzidos. O que preocupa, é o alcance das concessões, até onde podemos abrir para os patrocinadores sem entrar na guerra por pura e simples audiência?
Internet Livre diz:
A Laís Lindolfo pergunta: as rádios de segmento jovem, são iguais? (mesma programação, etc.)
Marciel diz:
As rádios FM seguem duas tendências. Ou se orientam para setores cativos de audiência, como as Rádios Gospel, nada contra, por favor! Ou voltam-se para o mercado. Neste caso, a tendência é para uma homogeneização crescente. Vide o caso da radio 89 que era rock. E sem roçar a direção, deu uma guinada em direção ao mercado pop sem trocar a direção. A rádio digital, promete aumentar a produção regional, o que, em princípio, aumentaria a diversidade e
Internet Livre diz:
Marcos Fernando de Mendes Machado pergunta: oq acha das rádios de cunho religioso?
Marciel diz:
O rádio sempre foi um veículo poderoso para juntar pessoas com pensamentos afins. Mais do que a TV, o veículo rádio sobrevive forte pela fidelidade dos ouvintes. As Igrejas em geral, descobriram o poder dos meios para unir os fiéis. Não vejo grandes problemas na convivência de setores diferentes no mesmo meio de comunicação mesmo pq o rádio se transforma, e acho que o futuro dele, está mesmo na web.
Internet Livre diz:
qual é o futuro da rádio?
Marciel diz:
O Rádio, enquanto LINGUAGEM, tende a se ainda mais presente, dada a facilidade de se produzir. Não requer equipamento caro para ouvir enem para gravar. Pode ser disponibilizado e usado como ferramenta em centros culturais, clubes e escolas. Penso que,mesmo que ele deixe de ser ma mídia "rica" isto é, bancada pela indústria fonográfica e pela publicidade, ele sobreviverá, na webb, nos sistemas de auto-falantes, nos celulares, seja onde for. Pois a comunicação oral está presente em toda a história humana, afinal, ele sobreviveu ao cinema, à TV e à web.
Internet Livre diz:
pq há poucos estudos sobre o rádio?
Marciel diz:
Na verdade, nos lugares que eu conheço, se fala e se estuda bastante o Rádio. Mas é fato que a cultua da imagem nos dias de hoje é dominante "cultura da imagem". A televisão é uma influência cultural muito forte as pessoas ainda se pautam muito na própria imagem, assistem o jornal, vêem as propagandas e escolhem os filmes com base na tV, assim, os estudos da Comunciação Social, tendem naturalmente para o veículo de maior influência social embora as pesquisas de rádio cresçam lentamente, o interesse acadêmico existe e o interesse pela TV está diminuindo na razão em que cresce o interesse pelas "novas mídias".
Internet Livre diz:
tem poucos livros tb
Marciel diz:
Há grandes lacunas de bibliografia no Brasil. Há muito poucos livros sobre estética sobre etnologia sobre comunicação social sem o viés da filosofia e sobre o rádio. Quando comecei a lecionar no curso de RTV em 2001-2002, só havia um manual e era traduzido agora o leque de opções aumentou bastante
Também lancei o meu livro para preencher uma lacuna a interface entre Educação e Comunciação com o uso do rádio lastreado por experiências concretas
Internet Livre diz:
as pessoas, estudantes, estão mais interessados em trabalhar na TV, ou no rádio?
Marciel diz:
Nos cursos de RTV, o interesse é maior, talvez uns 60%, pela TV o interesse pelo rádio, surge aolongo do curso, com a vivência nas oficinas de produção
pois produzir rádio é apaixonante. Tb é incrível como os alunos de RTV gostam de cinema e querem se tornar produtores de filmes. No final, o que conta é a idéia de produzir audiovisual na tV, no Rádio ou na web
Internet Livre diz:
legal, estamos chegando ao final
Marciel diz:
gostei de ver tantos meninos, tanta gente jovem
Internet Livre diz:
quer deixar uma mensagem a todos que se interessam em estudar e/ou trabalhar em rádio?
Marciel diz:
Sim. "O rádio no começo foi uma soução procurando por um problema ninguém sabia direito como usar, ou para quê usar agora que sabemos —e muito usá-lo a idéia é fazer dele um instrumento de cidadania. Assim, fazer rádio na escola, no clube ou na comunidade é exercer o direito à comunicação e garantir a nossa liberdade de opinião no futuro trabalho com e estúdio o rádio por causa desta certeza.
Internet Livre diz:
Marciel, foi um prazer recebê-lo neste projeto
Marciel diz:
Obrigado!
Internet Livre diz:
tchau
Marciel diz:
Até logo.

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