Esportes caçam talentos em vídeos na internet
Sites dão visibilidade a crianças, realçam façanhas e ajudam atletas a achar emprego.
Australiano Rhain Davis, 9, teve mais de 4 milhões de visitas a seu vídeo e atraiu a atenção do Manchester United, que o contratou
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca foi tão simples caçar talentos do esporte. O trabalho foi facilitado por uma das ferramentas mais populares da internet: o YouTube e seus congêneres (há dezenas na rede mundial de computadores).Nos sites de compartilhamento de vídeos é possível encontrar uma infinidade de "novos Ronaldinhos, Federers e Lebron James". Entre pernas-de-pau e pretensiosos, alguns se destacam e conquistam a atenção dos visitantes do site.O caso mais emblemático foi o do jovem Rhain Davis, de 9 anos. Suas jogadas, filmadas pelo avô em Brisbane (Austrália), foram parar no YouTube.O vídeo virou febre, recebendo mais de 4 milhões de visitas. Resultado: o menino, considerado o "novo Wayne Rooney", foi contratado pelo Manchester United em agosto.
O Brasil também forjou seu garoto YouTube. Morador de Adustina, na Bahia, Maycon Santana, 15, tornou-se o fenômeno brasileiro do site, criado em 2005 e vendido, dois anos depois, por US$ 1,65 bilhão.Mais de 40 mil pessoas assistiram a um vídeo do craque mirim baiano, editado por um amigo, no qual Maycon apresenta um amplo repertório de dribles e embaixadinhas.Em pouco tempo, o jogador foi contratado pelo Flamengo."Eu o conheço desde criança e sabia que era muito bom de bola. Como trabalho com informática, quis editar um vídeo para colocar no YouTube e, assim, ajudá-lo. As imagens rodaram o mundo todo, e isso foi muito bom para ele", comenta Allan Ribeiro, que acompanhou Maycon com sua câmera portátil e disponibilizou o vídeo editado na internet."Se ele se profissionalizar e levar a sério o futebol, vai superar o Ronaldinho Gaúcho. Com cinco anos ele já dava elástico.
Era impressionante", conta.Ribeiro acredita que o sucesso de Maycon só foi possível graças às novas tecnologias."O irmão dele, por exemplo, tinha a mesma habilidade. A diferença é que antes não havia essa possibilidade de mostrar para todo mundo o quanto ele era bom de bola", lamenta.O sucesso repentino assustou Maycon. Pouco mais de um mês após se transferir para o Rio, o adolescente retornou para casa com saudade da família. Mas foi convencido a retomar sua trajetória no clube carioca."Imagine pegar um moleque do sertão da Bahia, que nunca havia saído de Adustina, levar para o Flamengo e colocar na tela da Globo. É claro que ele se assustou!", rememora Ribeiro.
De Adustina a Brisbane, os vídeos com os novos craques não param de pipocar na rede. Atentos à nova ferramenta, jogadores desempregados disponibilizam suas imagens buscando o mercado externo.A praticidade do novo meio faz os desocupados do mundo da bola abandonarem os obsoletos e onerosos DVDs."Estava gastando muito mandando DVD para fora do país. Agora, ficou mais fácil mostrar como eu jogo. É só enviar um e-mail com o link na internet", afirma o jogador Diego Lobemar, que tenta retornar ao futebol português."Mas, por enquanto, só recebi proposta de Fernandópolis e Cardoso Moreira", diz ele, que pode atuar na primeira divisão do Rio -o Cardoso Moreira é um dos caçulas do Estadual.Já existe até empresa especializada em fazer vídeos de jogadores.
A Umatleta, do Rio Grande do Sul, reúne currículos no site Dailymotion."Os sites de vídeo facilitaram muito a vida do jogador. É possível enviar imagens para qualquer lugar do mundo sem custo. Isso abre novas oportunidades", constata Paulo Fernandes, um dos sócios da Umatleta.
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